Criado no siteVocê na capa de NOVA ESCOLA.

Família e amigos

sábado, 29 de maio de 2010

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



Nascido e criado na cidade mineira de Itabira, Carlos Drummond de Andrade levaria por toda a sua vida, como um de seus mais recorrentes temas, a saudade da infância. Precisou deixar para trás sua cidade natal ao partir para estudar em Friburgo e Belo Horizonte.

Formou-se em Farmácia, atendendo a insistência da família em graduar-se. Trabalha em Belo Horizonte como redator em jornais locais até mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1934, para atuar como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então nomeado novo Ministro da Educação e Saúde Pública.

Em 1930, seu livro "Alguma Poesia" foi o marco da segunda fase do Modernismo brasileiro. O autor demonstrava grande amadurecimento e reafirmava sua distância dos tradicionalistas com o uso da linguagem coloquial, que já começava a ser aceita pelos leitores.

Drummond também falava sobre temas como o desajustamento do indivíduo, ou as preocupações sócio-políticas da época, como em “A Rosa do Povo” (1945). Apesar de serem temas fortes, ele conseguia encontrar leveza para manter sua escrita com humor e uma sóbria ironia.

Produzindo até o fim da vida, Carlos Drummond de Andrade deixou uma vasta obra. Quando faleceu, em agosto de 1987, já havia destacado seu nome na literatura mundial. Com seus mais de 80 anos, considerava-se um "sobrevivente", como destaca no poema "Declaração de juízo".

NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra

Carlos Drummond de Andrade

O PERU



Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro Peru!


O Peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão.


O Peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão.


O Peru se viu um dia
Nas águas do ribeirão
Foi-se olhando foi dizendo
Que beleza de pavão!


Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro Peru!

Vinícius de Moraes

O PINGUIM




Bom-dia, Pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim.
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu de jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca

Vinícius de Moraes

RELÓGIO




“Passa tempo, tic-tac Tic-tac, passa, hora
Chega logo tic-tac Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac Tic-tac
Tic-tac.”

Vinícus de Moraes

Vinicius de Moraes (1913 - 1980)




Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes nasceu no Rio de Janeiro e desde cedo demonstrou sua vocação para a poesia. Sua mãe, Lydia Cruz de Moraes era exímia pianista, e seu pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta bissexto. Vinícius de Moraes recebeu o apelido de O Poetinha. Foi também diplomata, jornalista e compositor.
Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell e Carlos Lyra.

A ESTRELA



Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

Manuel Bandeira

INFÂNCIA



Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras.
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu...Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro...que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Carlos Drummond de Andrade

NAS RUAS DA CIDADE



Lá na rua 21,
O pipoqueiro solta um pum.

Lá na rua 22,
O português diz: pois-pois.

Lá na rua 23,
João namora a bela Inês.

Lá na rua 24,
A Aninha tirou retrato.

Lá na rua 25,
Caiu um barraco de zinco.

Lá na rua 26,
O sorveteiro quer freguês .

Lá na rua 27,
Pedro chama a prima Bete.

Lá na rua 28,
A Verinha vende biscoito.

Lá na rua 29,
A molecada só se move.

Lá na rua 30,
Paro, pois a rima já num pinta.

Elias José

CANTIGA DO VENTO



O vento vem vindo
de longe,
de não sei onde,
vem valsando, vem brincando,
sem vontade de ventar.

Vem vindo devagar,
devagarinho,
mais viração
que vem em vão,
e vai e volta
e volta e vai.

De repente,
o vento vira rock
e vira invencível serpente.
E voa violento
e vai velhaco,
vozeirão varrendo
várzeas, verduras
e violetas.

E vira violinista
vibra na vidraça,
vira copo e vira taça,
e zoa e zoa e zoa
- uma zorra!

O vento, mesmo veloz,
tem tempo pra brincadeira,
tem tempo pra causar vexame.
E enche a casa de sujeira
e ergue o vestido da madame.

Elias José

ABACATE



Ah! bacate,
abra e cate,
ou cate e abra
um abacate.



Ou melhor ainda,
cate e guarde
enroladinho num jornal velho
o abacate.



Dois dias depois,
ele vai saber as notícias de cor.
E você sentirá o macio de dentro
da dura casca.



Aí, sim, cate o abacate
e o parta em duas partes.
De um lado, ficará meia polpa
e a grande e bela semente,
esperando ser plantada um dia.



E faça da dura casca uma taça
e com uma colher amasse a massa
verde-clara do abacate.
Ponha pingos de limão,
ponha açúcar ou mel
e se delicie com o abacate.



Fonte: ELIAS, José. Poesia é fruta doce e gostosa. São Paulo: FTD, 2006.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Bem Mais Precioso

Conta o folclore europeu que há muitos anos um rapaz e uma moça apaixonados resolveram se casar.
Dinheiro eles quase não tinham, mas nenhum deles ligava para isso.
A confiança mútua era a esperança de um belo futuro, desde que tivessem um ao outro.
Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma. Antes do casamento, porém, a moça fez um pedido ao noivo:
- Não posso nem imaginar que um dia possamos nos separar. Mas pode ser que com o tempo um se canse do outro, ou que você se aborreça e me mande de volta para meus pais. Quero que você me prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.
O noivo riu, achando bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e assinou.
Casaram-se.
Decididos a melhorar de vida ambos trabalharam muito e foram recompensados.
Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e trabalhavam ainda mais.
O tempo passou e o casal prosperou. Conquistaram uma situação estável e cada vez mais confortável, e finalmente ficaram ricos.
Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza.
Mas, dedicados em tempo integral aos negócios e aos compromissos sociais, pensavam mais nas coisas do que um no outro.
Discutiam sobre o que comprar, quanto gastar, como aumentar o patrimônio, mas estavam cada vez mais distanciados entre si.
Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer e começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.
- Você não liga para mim - gritou o marido - só pensa em você, em roupas e jóias. Pegue o que achar mais precioso, como prometi, e volte para a casa dos seus pais. Não há motivo para continuarmos juntos.
A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa nunca suspeitada.
- Muito bem, disse ela baixinho. Quero mesmo ir embora. Mas vamos ficar juntos esta noite para receber os amigos que já foram convidados. Ele concordou.
A noite chegou. Começou a festa, com todo o luxo e a fartura que a riqueza permitia.
Alta madrugada o marido adormeceu, exausto. Quando ele acordou, na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido. Não sabia onde estava e, quando sentou-se na cama para olhar em volta, a mulher aproximou-se e disse-lhe com carinho:
- Querido, você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu poderia levar comigo o bem mais precioso que tivesse no momento. Pois bem, você é e sempre será o meu bem mais precioso. Quero você mais que tudo na vida, e nem a morte poderá nos separar, por isso, fiz com que o trouxessem com cuidado para a casa dos meus pais e o pusessem na cama.
Envolveram-se num abraço de ternura e voltaram para casa mais apaixonados do que nunca.

Reflexão:
O egoísmo, muitas vezes, nos turva a visão e nos faz ver as coisas de forma distorcida.
Faz-nos esquecer os verdadeiros valores da vida e buscar coisas que têm valor relativo e passageiro. Importante é que, no dia-a-dia, façamos uma análise e coloquemos na balança os nossos bens mais preciosos e passemos a dar-lhes o devido valor.

Aprenda a Conhecer seu Filho



Ensinar é a mais completa arte de aprender...
Para contribuir ainda mais para o desenvolvimento de seus filhos, os pais devem sempre observar com muita atenção as crianças para conhecê-las melhor. A partir do momento em que conseguem obter o máximo de informações sobre as características e preferências dos filhos, torna-se possível estimulá-los propondo atividades que apresentem a medida certa de desafio: propostas nem tão fáceis que nada acrescentarão às crianças, nem tão difíceis que se tornem impossíveis de realizar.

Quando os pais buscam este equilíbrio para estimular o desenvolvimento dos filhos, mas ainda não estão muito seguros sobre o que eles já sabem ou sobre o que podem e desejam aprender, pode-se propor uma primeira atividade para cumprir esta função de levantar o máximo de subsídios que os ajudem a conhecer o que as crianças já sabem.
Visando facilitar esta observação e identificar as capacidades das crianças, os pais podem estimular diversas situações, como jogos educativos, atividades esportivas, contar histórias ou fazer a leitura de livros em conjunto, passeios em zoológicos, teatros, cinemas e museus, por exemplo, além de acompanharem as tarefas escolares dos filhos em casa. O que é muito importante!
Durante estas atividades, é preciso registrar o máximo de informações possíveis sobre as características dos filhos: como é sua postura enquanto realiza as atividades; seu grau de atenção e concentração; qual a capacidade de leitura e a riqueza de vocabulário e como isso pode ser estimulado; seu relacionamento interpessoal e sua capacidade de realizar um trabalho em grupo. Além disso, os pais também podem observar como está a capacidade de organização, o capricho, a responsabilidade, a rapidez e agilidade, e sua curiosidade para aprender coisas novas.

Ao montar um quebra-cabeça com seu filho, por exemplo, procure observar como está sua coordenação motora fina, isto é, como ele segura as peças, quantas peças ele consegue montar, sua concentração, capacidade de perceber detalhes e a agilidade com que encaixa as peças.

Outro exemplo de atividade muito rica e que auxilia na observação das características dos filhos é a leitura de livros. Procure identificar que tipo de livros os filhos gostam de ler, com que frequência fazem essa leitura, como está o vocabulário das crianças e como é a fluência dessa leitura. É importante que os pais, ao contarem histórias para os filhos ou ouvirem uma narrativa contada por eles, busquem estimular a criatividade das crianças fazendo perguntas sobre os textos, propondo um novo enredo e, até mesmo, inventando novos personagens.

Ao propor estas atividades, os pais precisam estar dispostos a aprender com as características dos filhos, sem pré-julgamentos ou rigidez na avaliação. O olhar dos pais deve estar voltado para buscar as capacidades que os filhos já apresentam desenvolvidas, sempre pensando em contribuir para que as crianças sejam cada vez melhores. Portanto, vá com calma e respeite o tempo deles.

Aprender com as características dos filhos não é uma tarefa fácil, mas é preciso tentar e buscar estimular ao máximo para que eles se desenvolvam cada vez mais.

Proponha algumas atividades para o seu filho e observe suas habilidades. Você pode descobrir o filho brilhante que você tem!

Aprenda a Conhecer seu Filho

Autora: Any Bicego Queiroz[1]

Ruth Machado Louzada Rocha



Nasceu em 02/03/1931, na cidade de São Paulo, SP. Escritora de literatura infantil com mais de 130 livros publicados e mais de 10 milhões de exemplares vendidos. Diplomou-se na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1953 e começa a trabalhar com orientadora educacional no Colégio Rio Branco. A partir de 1965 escreve artigos sobre educação para a revista Claudia, e em 1967 assume a orientação pedagógica da revista Recreio, onde publica seu primeiro conto - Romeu e Julieta -, em 1969. Deixa a Editora Abril e inicia prolífica produção literária, inspirada na filha Mariana. O livro Marcelo, marmelo, matelo (1976) alcança a cifra de 1 milhão de exemplares vendidos. Em 1973 retorna à Editora Abril e permanece até 1981 dirigindo publicações infantis e participando de coleções como Conte um conto, Beija-flor e Histórias de Recreio. Em 1978 lança O reizinho mandão. Em 1989 é escolhida pela ONU para assinar a versão infantil da Declaração Universal dos Direitos Humanos, intitulada Iguais e Livres, publicada em nove línguas. Dois anos após, é novamente convidada pela ONU para assinar a declaração sobre ecologia para crianças, Azul e lindo – Planeta Terra, nosa casa (1990). Em 1995 lança o Dicionário Ruth Rocha e, em seguida, recebe o prêmio Jabuti como autora da série didática Escrever e criar... é só começar (1977). Em 1999 parte para um trabalho de fôlego e inicia a versão infanto-juvenil da Odisséia, de Homero. O trabalho consumiu dois anos de dedicação e pesquisa e foi lançado em 2001. Vendeu 6 mil exemplares em apenas 15 dias. É uma autora respeitada pela crítica, conforme atestam os depoimentos de Nelly Novaes Coelho, da USP: “Com sua linguagem lúdica, sua ironia e seu senso crítico, Ruth passa valores seríssimos às crianças. Suas histórias abandonam a moral dos contos antigos e trazem verdadeiras lições de vida.” Ou Marisa Lajolo, da UNICAMP: “O trabalho de Ruth é um dos mais relevantes na literatura infantil no Brasil. Quando a criança lê seu livro, repensa situações que ocorrem na vida real e passa a reagir de forma mais crítica a partir de novos valores apresentados por ela.”

Ana Maria Machado




Na vida da escritora Ana Maria Machado, os números são sempre generosos. São 40 anos de carreira, mais de 100 livros publicados no Brasil e em mais de 18 países somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta. Tudo impressiona na vida dessa carioca nascida em Santa Tereza, em pleno dia 24 de dezembro.

Vivendo atualmente no Rio de Janeiro, Ana começou a carreira como pintora. Estudou no Museu de Arte Moderna e fez exposições individuais e coletivas, enquanto fazia faculdade de Letras na Universidade Federal (depois de desistir do curso de Geografia). O objetivo era ser pintora mesmo, mas depois de doze anos às voltas com tintas e telas, resolveu que era hora de parar. Optou por privilegiar as palavras, apesar de continuar pintando até hoje.

Afastada profissionalmente da pintura, Ana passou a trabalhar como professora em colégios e faculdades, escreveu artigos para revistas e traduziu textos. Já tinha começado a ditadura, e ela resistia participando de reuniões e manifestações. No final do ano de 1969, depois de ser presa e ter diversos amigos também detidos, Ana deixou o Brasil e partiu para o exílio. A situação política se mostrou insustentável.
Na bagagem para a Europa, levava cópias de algumas histórias infantis que estava escrevendo, a convite da revista Recreio. Lutando para sobreviver com seu filho Rodrigo ainda pequeno, trabalhou como jornalista na revista Elle em Paris e na BBC de Londres, além de se tornar professora na Sorbonne. Nesse período, ela consegue participar de um seleto grupo de estudantes cujo mestre era Roland Barthes, e termina sua tese de doutorado em Linguística e Semiologia sob a sua orientação. A tese resultou no livro "Recado do Nome", que trata da obra de Guimarães Rosa. Mesmo ocupada, Ana não parou de escrever as histórias infantis que vendia para a Editora Abril.

A volta ao Brasil veio no final de 1972, quando começou a trabalhar no Jornal do Brasil e na Rádio JB - ela foi chefe do setor de Radiojornalismo dessa rádio durante sete anos. Em 76, as histórias antes publicadas em revstas passaram a sair em livros. E Ana ganhou o prêmio João de Barro por ter escrito o livro "História Meio ao Contrário", em 1977. O sucesso foi imenso, gerando muitos livros e prêmios em seguida. Dois anos depois, ela abriu a Livraria Malasartes com a idéia de ser um espaço para as crianças poderem ler e encontrar bons livros.

O jornalismo foi abandonado no ano de 1980, para que a partir de então Ana pudesse se dedicar ao que mais gosta: escrever seus livros, tantos os voltados para adultos como os infantis. E assim foi feito, e com tamanho sucesso que em 1993 ela se tornou hors-concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Finalmente, a coroação. Em 2000, Ana ganhou o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio Nobel da literatura infantil mundial. E em 2001, a Academia Brasileira de Letras lhe deu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra.

Em 2003, Ana Maria foi eleita para ocupar a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras, substituindo o Dr. Evandro Lins e Silva. Pela primeira vez, um autor com uma obra significativa para o público infantil havia sido escolhido para a Academia. A posse aconteceu no dia 29 de agosto de 2003, quando Ana foi recebida pelo acadêmico Tarcísio Padilha e fez uma linda e afetuosa homenagem ao seu antecessor.

Elias José




Natural de Santa Cruz da Prata, distrito do município de Guaranésia, o autor Elias José viveu toda sua vida em Guaxupé, com a família. Graduado em letras e pedagogia, com pós-graduação em redação escolar, literatura brasileira e teoria da literatura, lecionou essas disciplinas na Fafig e dirigiu um colégio estadual, ambos em Guaxupé.
Publicou mais de sessenta livros, obras para adultos, didáticos e, sobretudo, novelas e poesias infanto-juvenis. Ganhou vários prêmios importantes, de expressão nacional e seus contos e poemas foram traduzidos e publicados em vários países. Faleceu aos 72 anos, em agosto de 2008.

GRILO GRILADO




O grilo,
coitado,
anda grilado,
e eu sei
o que há.

Salta pra aqui,
salta pra ali.
Cri-cri pra cá,
cri-cri pra lá.

O grilo,
coitado,
anda grilado
e não quer contar.
No fundo,
não ilude,
é só reparar
em sua atitude
pra se desconfiar.

O grilo,
coitado,
anda grilado
e quer um analista
e quer um doutor.

Seu Grilo,
eu sei:
o seu grilo
é um grilo
de amor.

Elias José*

Maroca: a vovó cocota




Vovó Maroca
toda cocota
toda vaidade
setenta anos
é mais pra frente
que muita gente
de pouca idade.



Vovó Maroca
se é calor
apanha a tanga
pega a motoca
vai pegar cor.



Vovó Maroca
se vai a festa
não se definha
não perde a linha
e ainda testa

o que é novidade
pra mocidade.



Vovó Maroca
se apruma
e se arruma
é um modelo

frente ao espelho.
Só “jeans” azuis
bata estampada
pouca pintura
e nada de tintura
no seu cabelo.



Vovó Maroca
não tem segredo.
E se há problema
só há um lema:
não ter medo

e enfrentar a vida
de cabeça erguida.

Elias José

sábado, 22 de maio de 2010

Bicho papão da minha imaginação





A gente tem muitos bichos na vida. Eu, como toda criança, tive meu bicho papão particular, chamado medo.
Bicho Papão, aparecia nas horas mais escuras da noite, naquelas horas em que a cabeça da gente começava a imaginar besteira, imagina, imagina, de repente o medo toma conta do mundo.
Bicho Papão a gente inventa.
O meu foi inventado por uma cozinheira gorda, chamada Guiomar. Guiomar era preta, gordíssima e vivia contando histórias terríveis, de botar cabelo em pé. Eu tenho cabelo crespo,
até hoje, por culpa da Guiomar. Ela me contou cada uma, arrepiei tanto, que arrepiada fiquei!
Dizem que a gente não deve contar histórias de meter medo pra crianças, por isso não vou contar o que Guiomar contava. (...)
Lembrei de uma reza que Guiomar tinha me ensinado pra espantar todos os males do mundo.
Era uma reza complicada, precisava rezar e dar uns pulinhos e umas voltas. Pra rezar aquilo seria necessário sair de baixo do cobertor. Deus me acuda!
Meu Bicho Papão era assim: tinha pés pra trás e eram de pato. Às vezes eram só de pato, virados pra frente mesmo.
Resolvi tomar coragem, mas o pavor não passava. Era preciso rezar a reza de Guiomar, pois comecei a ouvir a voz de papai, como se ele tivesse uma voz com sotaque papônico. Aí, era
preciso sair da cama e rezar a reza!
Pulei da cama, rápido, acendendo a luz de cabeceira. Sombras enormes projetavam-se nas paredes, a cortina continuava a dançar, enquanto o vento gemia lá fora: uuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! (...)
Nesta exata hora (...) meu pai entrou no quarto (...):
– Você precisa dormir, menina. Amanhã o colégio começa cedo.
Resolvi espiar. Eu ia dar uma olhadinha rápida nos pés do meu pai, era só tomar coragem.
Suava frio, tremia toda, apavorada.
– Você está com frio?
– Pronto! Ele perguntou isso só pra me soprar o fogo de suas ventas! Era a mula-sem-cabeça, fingindo ser papai. Tinha pé de pato, com certeza absoluta!
Tomei coragem, virei os olhos pra baixo pra espiar. Neste segundo, ele apagou a luz, dizendo:
– Boa noite.
Fiquei sem saber se era meu pai, ou se era o Bicho Papão. Até hoje meu cabelo é duro de pentear. Espetou, arrepiado pra sempre!

Adap. Sylvia Orthof .Bicho papão da minha imaginação. In: Os Bichos que tive (memórias
zoológicas).Rio de Janeiro : Salamandra, 1983.

O porta-lápis encantado




A escrivaninha dele [de Samuel] estava repleta de papéis, rabiscos, desenhos, enfim, uma bagunça deliciosa. Teo sentia vontade de pular ali e dançar, dançar, dançar muito, aprender um monte de coisas novas e...
Os pensamentos de Teo foram interrompidos por uma fina:
— Afinal de contas, quem é você, baixinho?
— Eu? Ora, eu sou o gnomo Teo, da Floresta dos Troncos Amarelos – respondeu ele para o Lápis Grafite.
— Um gnomo? Era só o que faltava. – comentou a Borracha.
— Ora, cale-se! – falou a Régua, que implicava sempre com a Borracha.
A Borracha não se deu por vencida e continuou:
— Mas o que um gnomo pretende fazer por aqui? Roubar nossa casa?
—Nada disso! Eu estava pensando em aprender algumas coisas – respondeu Teo.
— Que coisa? – disparou a Caneta Azul.
— A língua dos homens – disse o gnomo.
— Aprender para quê? – perguntou o Apontador.
— Ora, para entender as conversas dos caçadores e, assim, ajudar meus amigos, ler as placas e, quem sabe, aprender umas piadas – respondeu Teo.
— Piadas? É só você, com essas enormes orelhas de abano, se olhar no espelho que nem precisa de piadas! – falou o Lápis Grafite.
A risada foi geral no porta-lápis. Só o Lápis Amarelo ficou sério.
— Calem-se — disse ele. — Vocês querem que o visitante pense que somos um bando de mal-educados?
— Nós só estávamos brincando – respondeu o Lápis Vermelho.
— Brincando ou não, é bom vocês se comportarem — disse o Lápis Amarelo.
Voltando-se na direção de Teo, falou:
—Senhor gnomo, como guardião oficial do porta-lápis, eu declaro que o senhor pode ficar.
— Oba! Oba! — Teo pulava de alegria.
— Espere, espere, há uma condição: depois que tiver aprendido tudo, você deverá partir, deixando a coisa mais valiosa que possuir — observou o Lápis Amarelo.
Teo balançou a cabeça duas vezes para a direita e três vezes para a esquerda, como costumava fazer sempre que precisava pensar seriamente sobre algum assunto. Então disse:
— Está bem, eu concordo!
As aventuras de Teo começaram naquele momento. Pegando carona com os lápis e canetas que o escritor ia usando, ele, que era invisível para seu Samuel, foi aprendendo as letras, as palavras, como se formavam as frases, depois as idéias e mensagens. Com o Lápis Azul, ele saía para colorir o céu e o mar. O Amarelo leva-lhe em viagens para dar vida ao sol, ao cabelo loirinho da garotinha e para pintar flores com o girassol. O Verde — muito em moda — levava Teo para colorir grama, lagos e árvores. Dessa forma, rapidamente o gnomo se tornou amigo de todos os lápis. Logo, seria também das canetas. Agarradinho na Preta, ele percorria o papel, eufórico, pois era com ela que o escritor criava suas historinhas. A Vermelha, que no início era meio antipática, levava-o para sublinhar algumas palavras.
E foi assim que Teo acompanhou o nascimento de muitos livrinhos, logo que ele aprendeu a língua dos homens.
No porta-lápis, todos estavam felizes com o novo companheiro que lhes contava histórias de verdade sobre a floresta. Seu Samuel, mesmo não sabendo da presença de Teo, também se sentia muito bem. Passava a escrever mais e até os cochilos tinham diminuído um pouco. Teo explicava aos amigos que isso acontecia porque os gnomos são seres mágicos: a sua presença basta para que coisas boas aconteçam. A Régua implicava com a Borracha, dizendo que isso era papo furado. Mas quem dava bola para a Régua? Às vezes, seu Samuel olhava com um carinho especial para o porta-lápis, como se desconfiasse de alguma coisa... Todos coravam de vergonha, espcialmente Teo, que comentava:
— Ele sente a minha presença, só não consegue me ver.
No verão, Teo já sabia o alfabeto inteiro de A a Z, a hora certa de colocar um acento, quando era vez de do C, do S e do Z. Sabia também por que se dizia “Adeus”, “Muito prazer” e “Parabéns”. E, ainda, o que eram aeronaves, foguetes, palácios e planetas. É... Chegara a hora de partir, voltar para a floresta, deixar o porta-lápis. Teo se lembrou da promessa feita ao Lápis Amarelo: “Dar o que possuísse de mais valioso”. Mas o que poderia ser? O gorrinho, as botas, as calças? Talvez o pequeno anel de prata ou a fivelinha brilhante de seu cinto. Não, não eram preciosos o bastante. Além do mais, não poderiam ser repartidos entre todos os amigos. Teo balançava tanto a cabeça — duas vezes para a direita e para a esquerda —, pensando e pensando, que todos os moradores do porta-lápis já estavam nervosos.
— Qual o problema? — perguntou a Caneta Preta.
— Eu não consigo descobrir qual é o bem mais valiosa que posso deixar aqui, colocar numa bonita caixa de presente, amarrar com uma fita porque...
— É invisível? — arriscou o Lápis Amarelo.
— Isso mesmo. Está dentro de mim. É tudo o que aprendi. Entende?
[...]

TULCINSKI, Lúcia. O Porta-Lápis encantado. Scipione

sexta-feira, 21 de maio de 2010

HOMENAGEM AOS CORINTHIANOS



Hino Oficial do Sport Club Corinthians Paulista
Gaviões Da Fiel

Salve o Corinthians,
O campeão dos campeões,
Eternamente dentro dos nossos corações
Salve o Corinthians de tradições e glórias mil
Tu és orgulho
Dos esportistas do Brasil

Teu passado é uma bandeira,
Teu presente, uma lição
Figuras entre os primeiros
Do nosso esporte bretão

Corinthians grande,
Sempre Altaneiro,
És do Brasil
O clube mais brasileiro

terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu aprendi
que a melhor sala de aula do mundo
está aos pés de uma pessoa mais velha;

Eu aprendi
que ter uma criança adormecida nos braços
é um dos momentos mais pacíficos do mundo

que ser gentil é mais importante do que estar certo;

que nunca se deve negar um presente a uma criança;

que eu sempre posso fazer uma prece por alguém
quando não tenho a força para ajudá-lo
de alguma outra forma;

que não importa quanta seriedade a vida exija de você,
cada um de nós precisa de um amigo brincalhão
para se divertir junto;

que algumas vezes tudo o que precisamos
é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;

Eu aprendi
que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão
nas noites de verão quando eu era criança
fizeram maravilhas para mim quando me tornei adulto;

que deveríamos ser gratos a Deus
por não nos dar tudo que lhe pedimos;

que dinheiro não compra "classe";

que são os pequenos acontecimentos diários
que tornam a vida espetacular;

que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa
que deseja ser apreciada, compreendida e amada;

que Deus não fez tudo num só dia;
o que me faz pensar que eu possa?

Eu aprendi
que ignorar os fatos não os altera;

que quando você planeja se nivelar com alguém,
apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

que é o AMOR, e não o TEMPO,
que cura todas as feridas;

que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa
é me cercar de gente mais inteligente do que eu;

que cada pessoa que a gente conhece
deve ser saudada com um sorriso;

que ninguém é perfeito até que você
se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

que as oportunidades nunca são perdidas;
alguém vai aproveitar as que você perdeu.

que quando o ancoradouro se torna amargo
a felicidade vai aportar em outro lugar;

que devemos sempre ter palavras doces e gentis
pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;

que um sorriso é a maneira mais barata
de melhorar sua aparência;

que não posso escolher como me sinto,
mas posso escolher o que fazer a respeito;

que todos querem viver no topo da montanha,
mas toda felicidade e crescimento ocorre
quando você esta escalando-a;

que só se deve dar conselho em duas ocasiões:
quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;

Eu aprendi
Que quanto menos tempo tenho,
mais coisas consigo fazer.

Autor: William Shakespeare
Duas amigas se encontram
- Olá, queridinha. Como vai?Não te via há tanto tempo. Onde é que você esteve?

-Ah, você não soube? Eu passei uma semana em coma.

-Mesmo? Que bom! Você é que sabe viver, viajar. Faz mais de um ano que meu marido não me leva a lugar algum.


Contribuição da aluna: Ana Luiza Galesco - 5º Ano

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Maria vai com as outras.( Silvia Orthof)

Era uma vez uma ovelha chamada Maria. Onde as outras ovelhas iam, Maria ia também.

As ovelhas iam para baixo Maria ia também.

As ovelhas iam para cima, Maria ia também.

Um dia, todas as ovelhas foram para o Pólo Sul. Maria foi também. E atchim!

Maria ia sempre com as outras. Depois todas as ovelhas foram para o deserto. Maria foi também.
- Ai que lugar quente! As ovelhas tiveram insolação. Maria teve insolação também.

Uf! Uf! Puf! Maria ia sempre com as outras.

Um dia, todas as ovelhas resolveram comer salada de jiló.

Maria detestava jiló. Mas, como todas as ovelhas comiam jiló, Maria comia também. Que horror!

Foi quando de repente, Maria pensou:

“Se eu não gosto de jiló, por que é que eu tenho que comer salada de jiló?”

Maria pensou, suspirou, mas continuou fazendo o que as outras faziam.

Até que as ovelhas resolveram pular do alto do Corcovado pra dentro da lagoa. Todas as ovelhas pularam.

Pulava uma ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: mé!

Pulava outra ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra e chorava: mé!

E assim quarenta e duas ovelhas pularam, quebraram o pé, chorando mé, mé, mé!

Chegou a vez de Maria pular. Ela deu uma requebrada, entrou num restaurante comeu, uma feijoada.

Agora, mé, Maria vai para onde caminha seu pé.



Sylvia Orthof

domingo, 2 de maio de 2010

Informação para doido

Havia um louco na rua sentado em um banco da praça. Uma senhora que estava andado na rua parou e perguntou a ele:
- Será que você poderia me informar onde fica a 25 de março?
E ele respondeu:
- 25 de março, 25 de março...de que ano?

Vassoura com C



Um dia Joãozinho estava na escola e sua professora diz:
-Joãozinho me fale uma palavra com c.
E Joãozinho responde:
-Vassoura.
E sua professora diz:
-Mas aonde está o C.E Joãozinho:
-No "c"abo

O homem trocado



O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.
- Eu estava com medo desta operação...
- Por quê? Não havia risco nenhum.
- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos...E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
- E o meu nome? Outro engano.
- Seu nome não é Lírio?
- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e...
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar nauniversidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mêspassado tive que pagar mais de R$ 3 mil.
- O senhor não faz chamadas interurbanas?
- Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
- Por quê?
- Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
- O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.
- Se você diz que a operação foi bem...
A enfermeira parou de sorrir.
- Apendicite? - perguntou, hesitante.
- É. A operação era para tirar o apêndice.
- Não era para trocar de sexo?

Luís Fernando Veríssimo

Dez coisas que levei anos para aprender

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.

5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".

8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.

10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

Luís Fernando Veríssimo

Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!

Luís Fernando Veríssimo
Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida...

Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:

"Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes".

No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava:

- Quem será que estava atrapalhando o meu progresso ?
- Ainda bem que esse infeliz morreu !

Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.

A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?

No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo. "SUA VIDA NÃO MUDA QUANDO SEU CHEFE MUDA, QUANDO SUA EMPRESA MUDA, QUANDO SEUS PAIS MUDAM, QUANDO SEU(SUA) NAMORADO(A) MUDA. SUA VIDA MUDA... QUANDO VOCÊ MUDA! VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA."

O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda".

Luís Fernando Veríssimo

Sondagem

REALIZANDO UMA SONDAGEM AS INVESTIGAÇÕES SOBRE A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA PERMITEM AO PROFESSOR ATUAR COMO MEDIADOR NO PROCESSOR ENSINO-APRENDIZAGEM E FORNECER PISTAS PARA O APRENDIZ TORNAR-SE ALFABÉTICO.NESSE PROCESSO, A SONDAGEM DIAGNÓSTICA CAPACITA O EDUCADOR A CONHECER AS HIPÓTESES DAS CRIANÇAS ENVOLVIDAS.PARA REALIZAR UMA SONDAGEM ESCOLHE-SE QUATRO PALAVRAS (UMA POLISSÍLABA,UMA TRISSÍLABA,UMA DISSÍLABA E UMA MONOSSÍLABA,NESTA ORDEM) E UMA FRASE DE UM MESMO CAMPO SEMÂNTICO.UMA DAS PALAVRAS DITADAS ANTERIORMENTE DEVE APARECER NESTA FRASE.

EXEMPLO": Lista de animais
DINOSSAURO
JACARÉ
GATO
CÃO


O GATO DORMIU NA SALA.


Evitar palavras com sílabas contíguas ,tipo urubu


PEDE-SE ENTÃO,PARA QUE A CRIANÇA(atividade individual) ESCREVA DO JEITO QUE SOUBER.É IMPORTANTE PEDIR PARA QUE ELA LEIA,APONTANDO AS LETRAS E OS SINAIS CORRESPONDENTES À FALA.A PARTIR DO MATERIAL INVESTIGADO EM UMA SONDAGEM,PODE-SE REFLETIR SOBRE O PENSAMENTO DA CRIANÇA E PERCEBER SUA HIPÓTESE LINGUÍSTICA.


Esta sondagem deve ser realizada individualmente, na primeira semana de aula e a cada 15 ou 30 dias de acordo com a evolução da classe. assim formar na sala grupos de trabalhos com hipóteses próximas.Esse agrupamento tem por finalidade a desestruturação das hipóteses pré-silábica, silábica e silábica - alfabética e por meio de conflito, assimilação e acomodação, chegar à hipótese alfabética

COMO A SONDAGEM DEVE SER UTILIZADA

* INSTRUMENTO PARA ANALISAR AS HIPÓTESES DA CRIANÇA A PARTIR DE ATIVIDADES SIGNIFICATIVAS,COLOCANDO A CRIANÇA DIRETAMENTE EM CONTATO COM O DESAFIO DE ESCREVER.

* SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR;


* INSTRUMENTALIZADOR DO PROCESSO;


* CONHECER O QUE A CRIANÇA PENSA DE FORMA GERAL SOBRE A ESCRITA,QUAL A LÓGICA QUE UTILIZA NAQUELE MOMENTO PARA ESCREVER;


* ANALISAR AS HIPÓTESES DAS CRIANÇAS A PARTIR DE UMA PROPOSTA SIGNIFICATIVA,QUE FAZ PARTE DE UMA SEQUÊNCIA DE ATIVIDADE,ELA SABE PORQUE ESTÁ ESCREVENDO E PARA QUE ESTÁ ESCREVENDO,TENDO UMA FUNÇÃO SOCIAL;


* COLECIONAR PRODUÇÕES DAS CRIANÇAS:COM ESSE MATERIAL É POSSÍVEL FAZER UM ACOMPANHAMENTO PERIÓDICO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA E FORMULAR INDICADORES QUE PERMITAM TER UMA VISÃO DA EVOLUÇÃO DA HIPÓTESE DE ESCRITA DA CRIANÇA AO LONGO DO PROCESSO.


OBJETIVOS DA SONDAGEM
*INSTRUMENTO PARA MAPEAR O CONHECIMENTO DAS CRIANÇAS SOBRE A ESCRITA;

* REORIENTAR SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA;


*MATERIAL DE PESQUISA PARA DEFINIR AS POSSÍVEIS INTERVENÇÕES;


* ELABORAR SEU PLANEJAMENTO,PROPONDO SITUAÇÕES CAPAZES DE GERAR NOVOS AVANÇOS NA APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS;


*OBTER DADOS SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CADA CRIANÇA.


PALAVRAS do mesmo de Campos semânticos para diagnóstico: Não esqueça a frase


Partes do corpo
sobrancelha
cabeça ou barriga;orelha
perna ou braço;dedo;unha
pé ou mão

O menino machucou _ _ _ _

Material escolar
lapiseira;apontador
caderno ou caneta;massinha;mochila
livro ou lápis;papel;cola
giz

Animais
mariposa ou dinossauro;rinoceronte
formiga ou,esquilo, coelho
tigre ou onça;urso
cão ou rã

O tigre está na floresta

Flores
· crisântemo
· begônia
· rosa
· lis

Alimentos
espaguete
açúcar
leite
sal

Festa Junina
· bandeirinha
· pipoca
· bingo
· som

na sala tem
computador
estante
sofá
som

Doces
· gelatina;brigadeiro;pirulito
· paçoca;geléia
· pudim;torta
· mel;bis

Higiene
sabonete
escova
talco
gel

Temperos
· cebolinha
· pimenta
· alho
· sal

Ferramentas
· furadeira
· martelo
· chave
· pá

Brinquedos
· escorregador
· boneca
· bola
· pá

Sentimentos
· felicidade
· carinho
· amor
· paz

Bebidas
· vitamina
· refresco
· café
· chá

Escritório
· grampeador;computador
· caneta
· mesa;papel
· giz

Família
afilhado
madrinha
sogra
mãe

Utensílios de limpeza
aspirador
vassoura
balde



Algumas conclusões

Neste contexto é preciso que o professor possua conhecimentos e habilidades específicos, os quais permitirá a ele dirigir e orientar com segurança as tentativas de escrita da criança, saber identificar em que estágio do processo de apropriação do sistema a criança se encontra, saber interpretar as hipóteses, selecionar e organizar dados, decidindo que aspectos devem ser priorizados e saber, acima de tudo, levar a criança a confrontar as suas hipóteses com as convenções e regras do sistema e a partir de tudo isso conduzi-la à escrita ortográfica.

Essa nova concepção exige um professor:
· Que aceite o pressuposto básico que o aluno é sujeito do seu próprio conhecimento, ou seja, constrói seu conhecimento.
· Que esteja disposto a compartilhar e pedir ajuda a outros parceiros e professores
· Que não esconda suas frustrações e progressos
· Que seja investigativo e tenha a coragem de mudar
· Que aposte em sua própria capacitação ,individual ou coletiva
· Que se de uma oportunidade ,que faça a diferença


Eis, portanto, o nosso maior desafio:




"Mudar o nosso papel de doador de informações para mediador da aprendizagem!"

Blog de Regina Célia Camargo